domingo, 23 de junho de 2013

Companheirismo, segredos, madrugadas...

Marcelo Monegato

A gravidez da Vê, minha esposa, foi muito tranquila. Sem contratempos, muita azia, raros momentos de enjoo. Pouco mudou minha rotina de levantar cedo, levar a Breja - nossa Dálmata de um ano e cinco meses (esta merece um post exclusivo, me cobrem) - para passear, preparar um café preto forte e comprar dois pãezinhos, um obrigatoriamente branco, exigência dela. Quando queria ou precisava por algum motivo, como rodízio, por exemplo, conseguia ganhar as ruas às 5h rumo ao Grande ABC, onde sou editor do caderno de Automóveis no principal jornal da região.

Então a Cecília nasceu. E com ela as primeiras mudanças. Todas as mudanças. O sono chegava às 21h. A vontade de dormir somente à 1h da madrugada. E a chance de dormir por volta das 2h, quando todas (mãe, filha e cadela) já estavam descansando. Por volta das 5h, todos de pé novamente. Lanche da madrugada da Cecília. Eu, mesmo há poucas horas de pular da cama para trabalhar, fazia questão de acordar - e até hoje faço. Não sou muito útil, mas só o fato de estar ali, de olhos abertos, parecia deixar a Vê mais disposta. Talvez fosse minha a contribuição mais simples e insignificante para que aquele ritual de dar de mamar para a pequena fosse algo especial para nós três.

Hoje deixei de ser estagiário da amamentação para me tornar efetivo. Levanto para esquentar o leite que a Vê tira nos horários de folga com um tira-leite elétrico. A Cecília se adaptou muito bem à mamadeira. Assim, a mamãe também consegue descansar dos dias mais puxados ou mesmo se recuperar dos machucados no mamilo provocados pela própria pequenina. Alguns nem bico de silicone ajuda.

Durante a madrugada, também gosto de dar a mamadeira. É um dos momentos mais deliciosos. É quando ela olha para mim fixamente. Não sei se está me vendo. Não sei no que está pensando. Mas, com certeza, sei que está me sentindo. Quando falo, a Cecília parece tentar entender - acho até que entende, para ser sincero (coisas de pai babão, talvez). A conversa, aliás, é no pé do ouvido. Sussurros com pausas em forma de bocejos. Os primeiros segredos entre pai e filha. Conversas longas. Inesquecíveis. Até um arroto e o sono de princesa.

Hora de levantar. Mas fico na cama mais dez, 20, 30 minutos. Uma hora. Deixo para acordar às 8h. Vou às 10h para a redação. Quem sabe não consigo falar tchau para ela olhando nos olhos? Quem sabe...

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